Há quem diga que no Brasil não se obteve nada nos anos 80, não posso negar. A economia daqueles tempos não era muito boa, haviam inflações recordistas, escandalos políticos que marcaram o fim do domínio militar. Mas ao regressar no tempo fico encantada observando como as pessoas sabiam viver...
Eram ativas deixando bem claro suas opiniões em manifestações como a “Diretas Já” e em suas letras de músicas que se tornaram eternos hinos cantados pelos quatro quantos do país até hoje, mesmo que sejam em vozes tímidas e sem força pra lutar.
Se tivéssemos mais bandas que não tivessem medo algum de expor suas opiniões como aquelas tenho certeza que os jovens seriam mais ativos e lutariam mais pelos interesses do país, afinal são tão influenciados pelas “bandas” (se é que se pode chamá-las assim) que fazem sucesso hoje, como o grupo “Parangolé”.
Mulheres eram veneradas, valorizadas em composições, “Camila, Camila” e “Janaina” são canções que deixam claro. Hoje vemos músicas que ecoam a vulgarização do corpo, da figura feminina, a tornando cada vez mais sem graça e indesejável. O segredo da mulher deve estar no se guardar e não na exposição.
Os cantores sabiam dizer nas entrelinhas seus desejos mais ocultos e “calientes” sem vulgarizar o amor, sem torná-lo sujo. “Vamo liberar geral (...) quero ver a cor da sua calcinha” mostra o que quer a sociedade quer hoje.
Queria ter me perdido naquela época, onde se sabia expressar, o que era atitude e os limites para se falar de amor. Digo com toda certeza que nunca se viu na história desse nosso Brasil um década tão ganha em cultura e vontade. É uma pena que nos ritmos que estamos hoje ela fique cada vez mais distante da realidade que é tomada pela pornografia e falta de respeito.Com toda saudade de uma época que nunca vivi e indignação
Causadora de Opiniões
